quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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Qual será o nosso propósito neste mundo? Viver...mas viver que vida, o quê, quando, de que maneira?! Todos os dias acordamos em roupas que já conhecemos, no mesmo local de sempre, com a luz de sempre, com os cheiros de sempre, com a mesma tristeza... até que, um dia, percebemos que, de facto, as coisas podem piorar. Estranho, como esquecemos aquilo que tivémos de bom, muito ou pouco, e nos agarramos àquela coisa má, que nem sempre percebemos de onde veio, nem porque assim aconteceu. E eis que, nesse preciso momento, nesse segundo, tudo cai à nossa volta. Podemos tentar erguer-nos, colocar os dois pés no chão e fazer força para nos colocarmos de pé que... sem explicação aparente, apenas caímos com mais força, como se algo nos puxasse para baixo, para o fundo, para aquele lugar escuro.
Para onde quer que me volte, para onde quer que jogue a mão para alcançar algo a que me agarrar, mais fundo desço, mais apertado sinto o meu coração, mais tristeza, mais mágoa, mais culpa... Há algo de errado, não percebo... Quanto melhor parecem as coisas, mais negras se tornam no dia seguinte. Há mesmo algo de errado, não consigo perceber...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

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Emergir das cinzas... dizem que era o que fazia a tão conhecida Fénix. Será possível ir fundo, tão fundo, morrer, e ainda assim emergir renovada, sem marcas, sem sinais daquilo que passou...? Diz-se que aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes, crescemos, aprendemos com os nossos erros. Será? Penso que apenas evitamos passar pelas mesmas situações, desviamo-nos dos obstáculos com que chocámos antes, com medo de cair nas mesmas asneiras, de magoar e de sermos magoados, de olhar nos olhos de alguém e ver tristeza provocada por nós. Medo... agimos em função do que sentimos, do que nos faz andar para a frente e, ao mesmo tempo, dar passos para trás. Não compreendo o que me move, o que me afecta, o que me faz chorar, o que me obriga a sentar a um canto, no silêncio...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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O futuro. Como nos atrevemos nós a prever o futuro? Que espécie de pretensão é esta, que nos leva a dar como prometidas acções que depois, mais tarde, nesse falso futuro, quebramos? Que egoísmo, que falsidade, que injustiça, que crueldade, que tristeza... infelicidade...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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E se, por um dia, nos fosse dada a capacidade de mudar alguma coisa a nosso respeito? Mudaria eu aquilo que sou, aquilo que aparento ser, aquilo que me compõe, no bom e no mau, aquilo em que me torno perante determinadas circunstâncias...? Não sei. Nunca saberei. Mas não terei eu já essa possibilidade, essa capacidade? Tenho e nada faço. Talvez porque não quero fazê-lo, porque não desejo agarrar essa realidade e ver-me forçada a mudar. Sair deste lugar, entrar num mundo completamente diferente daquele que conheço, sorrir quando é suposto, revoltar-me porque é necessário, apoiar quando não posso, ser feliz quando não consigo... vivo neste escuro casulo, para sempre nele deitada...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

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Ontem sentei-me e pensei que a minha existência não faz qualquer sentido. Olhei para o chão e percebi, aos poucos, que apenas os meus pés ali estavam e eram apenas os meus olhos que se encontravam a observar aquelas pequenas partículas que formam parte do meu ser. Toquei a minha pele, observei tudo em meu redor e conclui que estava sozinha. O silêncio reinava e, de repente, uma brisa toca-me o rosto... fechei os olhos e deixei-me absorver por aquele momento. Respirei fundo, levantei a cabeça e olhei para a janela à procura da resposta a uma pergunta que desconheço. Encontrei o meu reflexo e parei, fixei-me nele, naquela cara, naquela pessoa, naquele olhar. Sombrio que ele é... triste... magoado... só...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

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Mas porquê... se tudo se encaixa? Mesmo quando no silêncio depositamos uma mágoa, quando de nós só sai um suspiro há um só som para se ouvir, um só rosto para se descobrir. Tudo se junta e faz sentido. Basta olhar de relance nos teus olhos, sentir o teu cheiro, tocar a tua pele e... as peças unem-se como se nunca antes tivessem estado separadas. Não vás...

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Acordei com vontade de voltar a mergulhar naquele mundo que teima em não me deixar entrar. Aquele que nos seduz, que nos agarra com as duas mãos e nos sussura ao ouvido que nada há a temer. E deixo-me seduzir por ele. Agarra-me, leva-me, diz-me que está tudo bem, que dentro de ti eu adormeço, fecho os olhos sem medo... e sonho. Entro num mundo que desejo ser longe de tudo o que conheço, fora e dentro dele ao mesmo tempo. Toco o céu com a ponta dos dedos e sinto, no mesmo instante, a areia fria debaixo dos pés. Nada é impossível, tudo é real. Naquele momento, inconsciente, sem controlo, sem rede, sinto a liberdade que nunca alcanço, que sei ser impossível de conseguir. Ontem mergulhei, respirei fundo, dei um passo, tentei abrir a porta, mas estava fechada à chave.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

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É a pensar naquilo que se cruza comigo, no tempo que passa por mim, que acabo por sentir que a vida me passa ao lado. Não pela falta do agir, do viver os dias para os quais acordo, do atravessar portas que se fecham atrás de mim e corredores que permanecem desconhecidos. Mas por aquilo que não consigo controlar, pelos momentos mal resolvidos que me escapam por entre os dedos, pelos rostos que se afastam de mim e que não consigo esquecer. Será assim tão difícil fazer parar o tempo, parar aquele minuto precioso, um momento que queremos que permaneça eterno? Recuso acreditar que não controlo nada. Prefiro sentar-me no chão, cheia de nada, e pedir que me leves daqui, porque recuso acreditar que não controlo nada.